JUNTA DE FREGUESIA DE PERNES
HOMENAGEM À MOLEIRA DO ALVIELA
TRAJE APRESENTADO POR JOANA CATARINA CRUZ DA PAZ, NASCIDA EM 09/10/1979 (28 ANOS)
REPRESENTA O GRUPO CÉNICO DA MÚSICA NOVA DE PERNES
(SOCIEDADE MUSICAL UNIÃO PERNENSE)
Em 1165, nos alvores da nacionalidade, D. Afonso Henriques doa a Gualdim Paes 8 moinhos, em Pernes, na margem direita do Rio Alviela. Talvez tenha nascido, aqui, a figura da moleira, a trabalhar de sol a sol.
No século XIX, durante as guerras entre liberais e miguelistas, numa luta fratricida, o Povo faz paródia:
D. Pedro p’ra cima, D. Pedro p’ra baixo, e não passa do Cartaxo.
D. Miguel vai, D. Miguel vem, e não passa de Santarém.
Até que, a Batalha de Pernes, a 11 de Setembro de 1833, decide a posse dos moinhos do Alviela, que moíam a farinha para abastecer os exércitos. E a moleira trabalhava noite e dia, às escondidas de uns e de outros.
No início do século XX, eram dezoito azenhas e moinhos, dez moagens e quinze lagares de azeite, que em terras ricas de olival, de searas loiras e de trigos de qualidade, moíam o pão que o diabo amassou, para matar a fome ao Povo, que o ganhava com o suor do seu rosto.
E a moleira, lavava o trigo, picava as pedras, carregava as tremonhas, e vendia a farinha. E guardava o seu pé-de-meia, para comprar as suas fatiotas e ademanes, pois gostava de vestir bem, p’ra ver a Deus e ir às festas, de quando em vez, que trabalho sem descanso também cansa.
Através dos tempos, a moleira era figura dominante em terras do Alviela, no Bairro Ribatejano. Orgulhosa do que faz, traja com gosto e o seu porte é donairoso:
Saia de roda, padrão azul-escuro, da cor das águas, blusa mimosa, às florinhas amarelas da cor das espigas; e o avental, é branco, branco da cor da farinha. Na cabeça, o lenço é uma explosão de cor, vermelho, vermelho como o sangue quente que lhe corre nas veias. Sapatos castanhos e meias de algodão, da mesma cor, o chão que pisa move-se com ela.
Suas jóias são talegos, carregadinhos da farinha a quem dá a sua vida.
A moleira, lá vai ela, lá vai ela, com tanta história no olhar, é como a Nau Catrineta, que tem muito que contar.
O GRUPO CÉNICO DA MÚSICA NOVA
MAIS DE 70 ANOS DE EXISTÊNCIA
A Sociedade Musical União Pernense (Música Nova) foi criada, em 1928, pelo Maestro Sabino Flor, para estudo e divulgação musicais, através de uma Banda Filarmónica. Anos depois, consolidado o projecto musical, a Música Nova, herdeira da “Velha Guarda”, a catedral do Teatro em Pernes, criou o seu Grupo Cénico, já nos anos 30. Daí para a frente, o Grupo tem funcionado intermitentemente e por ciclos.
O 1º ciclo, nos anos 30 e 40, foi de grande entusiasmo e criação. Sucediam-se vários espectáculos anuais, entre dramas e comédias, que terminavam com os clássicos “actos de variedades”. Foram “os anos de ouro”, em que pontificaram, Júlio Poeta, Albino Esteves (grande profissional, ponto no Teatro Nacional D. Maria II, e depois no Teatro Maria Vitória), Tenório, Manuel da Silva Nobre, a que se seguiram, os jovens, José Leal, João Pintor, Joaquim Vidal, Bernardino Nobre, mais tarde, Manuel dos Santos Nobre, e muitas dezenas de jovens, raparigas e rapazes de várias gerações (foi a geração da Maria de Jesus Gonçalves Rosa, Félinha Leal, Maria Rosalina, Maria Guilhermina).
Nos anos 50, o 2º ciclo, o Grupo já funcionou com sérias dificuldades. No início, o jovem licenciado, Ramiro Augusto Santos Leal, que com o maestro José
Nos anos 60, coube ao jovem estudante universitário, Vicente Batalha, a direcção do Grupo Cénico, entrando-se assim no 3º ciclo. Em 1962, “Manuela”, em 1963, “Vendaval”, ambas de Virgínia Vitorino, em 1964,“Há Uma Luz que se Apaga” (todos os espectáculos foram apresentados no Teatro Taborda do Círculo Cultural Scalabitano, em Santarém). Ainda, em 1964, Rogério Paulo veio à Música Nova falar de Teatro, e teve na assistência Maria Barroso (Rogério Paulo assistiu em Santarém à representação de “Há Uma Luz Que Se Apaga”). Em 1968, “A Vizinha do Lado”, de André Brun, em parceria com o profissional Wladimir Franklin, actor e artista plástico, onde se confirmou o talento de Isabel Leiria. Na sequência, logo no início dos anos 70, esta dirige “É Urgente o Amor”, de Luís Francisco Rebelo. O Teatro só viria a surgir, depois do 25 de Abril, com “A Traição do Padre Martinho”, numa encenação colectiva, coordenada por Heitor Mendonça.
Depois de um interregno de mais de 25 anos, o Grupo Cénico da Música Nova, de novo sob a direcção de Vicente Batalha, entra no seu 4º ciclo, a partir de
Em preparação, “O Enterro do Bacalhau”, o regresso da tradição e dos desfiles e teatro de rua, que será apresentado a 7 de Abril. Os ensaios de “O Duelo” de Bernardo Santareno vão ser retomados, prevendo a sua estreia, no próximo mês de Novembro.
DESFILE
CAVALEIROS
Ana Paula Gonçalves – António Cadima – Diogo Batista
Fernando Lúcio – Flávio Santos – Jorge Silva – Vasco Salvador
Vítor Hugo Pimenta
CARROS ALEGÓRICOS
“QUARESMA E PÁSCOA”
Conduzido por José Fernando Tomás Pagado
BARCO, “ESTRELA DO MAR” / BACALHAU
Conduzido por Pedro Cardoso
BARCO “PASSADO, PRESENTE E FUTURO”
Conduzido por João Isidro Martins
“TRIBUNAL”
Conduzido por Manuel Joaquim Isidro Duarte
CÔRO DO POVO
Ana Cristina Rodrigues – Ana Rita Monteiro – Bárbara da Paz – Beatriz Semião
Carlos da Paz – Carolina Pereira – Cátia Ramos – Cipriano Costa
Cristina Mendonça – Daniela Oliveira – Dinis Abreu – Diogo Borralho
Filipe Henriques – Gabriel Isidro – Inês Gaivoto – Inês Viegas – Isabel Seixas
Joana Isidro – Joana Magalhães – Luís Pedro – Mª José Mendonça
Mª Manuela Teopisto – Mª do Rosário Isidro – Miguel Batista – Nair Cardoso
Pedro Gaivoto – Ricardo Cintrão – Telmo Seixas – Vanda Pedro
Zézinha Cipriano
MÚSICA
Grupo “ALMINHAS DANADAS”
TEXTOS, DIRECÇÃO E CORRDENAÇÃO
Vicente Batalha
GUIÃO DO ESPECTÁCULO
1ª Parte
HOMENAGEM AO MAR E AOS PESCADORES
“Pátria” e “O Litoral Português”, de Miguel Torga – Vicente Batalha
“Canção das Praias” – Maria Teresa Teopisto
“Georges, anda ver …”, de António Nobre – Bruno Oliveira
“Puxa a rede” – Diná Nobre
“Canção da Nazaré” – Bruno Oliveira
“Vira da Nazaré”
Andreia Cruz – Cláudia Henriques – Joana da Paz – Mª Emília Cipriano
Nídia Cardoso – Sara Martins – Vanessa Colaço – Vera Almeida
Bruno Oliveira – Carlos Nunes – João Martins – Jorge Paulino
Leandro Pedro – Luís Nunes – Óscar Paulino
2ª Parte
“JULGAMENTO DO BACALHAU”
(por ordem de intervenção)
Juiz – Vicente Batalha
Oficial de Diligências – José António Leal Teopisto
Advogado de Acusação – Fernando Caetano
Testemunha de Defesa – Dária Batista Costa
Advogada de Defesa – Salomé Vieira
Testemunha de Acusação – Bruno Oliveira
Bacalhau – Telmo de Jesus
Quaresma – Ana Luísa Oliveira
Páscoa – Raquel Soares
Galo – Bruno Vieira Talhão
BREVES NOTAS
O Enterro do Bacalhau é uma tradição muito antiga de teatro de rua, sátira e crítica social. Alguns estudiosos situam-no no século XVI, post Concílio de Trento (Gil Vicente, na Farsa dos Físicos, fala nos “festejos carnavalescos”), outros datam as suas raízes no século XVIII. O Enterro do Bacalhau encontra-se na ténue fronteira entre o sagrado e o profano. Tem a ver com o final da Quaresma, seu cortejo de jejuns, abstinências, a figura da “Bula”, e com a chegada da Páscoa, da Primavera, o fim das proibições, a explosão das festas da terra. Se, algumas regiões do país misturam o Enterro do Carnaval com o Enterro do Bacalhau, em Pernes, foi nítida a distinção entre, o Enterro do Galo, em 4ª feira de Cinzas (fim do Carnaval/início da Quaresma), e o Enterro do Bacalhau, em Sábado de Aleluia, (até aos anos
Quarenta e nove anos depois, o Grupo Cénico da Música Nova arregaçou as mangas e criou condições, apesar das muitas dificuldades, para o regresso da tradição, por considerar ter o dever de partilhar com a comunidade esse património tradicional de Pernes. As participações excedem largamente o Grupo Cénico, e todas são bem vindas, umas, da terra,, outras, de muitas terras em redor, numa afirmação de Pernes como pólo de atracção cultural e social. Numa continuidade geracional, sem cortes nem rupturas, numa afirmação de franca abertura (cultura é abertura, nunca fecho ou isolamento) sempre pela positiva, sem fronteiras, nem bairrismos exacerbados e ultrapassados, o Enterro do Bacalhau é a síntese entre o passado e o presente, olhos postos no futuro. À falta de fontes escritas, tendo por base o espírito dos primórdios, recriaram-se textos, recuperaram-se letras e cantigas tradicionais, contextualizou-se a acção.
Esperamos que todos, pernenses, visitantes e amigos, gostem do produto final do nosso trabalho, esforço e dedicação de uma vasta equipa, a quem agradecemos reconhecidos. Na pessoa da Souzel Vieira, espírito congregador, com iniciativa e criatividade, expressamos a todos sem excepção o nosso profundo obrigado.
O GRUPO CÉNICO DA MÚSICA NOVA
O GRUPO CÉNICO DA MÚSICA NOVA
MAIS DE 70 ANOS DE EXISTÊNCIA
A Sociedade Musical União Pernense (Música Nova) foi criada, em 1928, pelo Maestro Sabino Flor, para estudo e divulgação musicais, através de uma Banda Filarmónica. Anos depois, consolidado o projecto musical, a Música Nova, herdeira da “Velha Guarda”, a catedral do Teatro em Pernes, criou o seu Grupo Cénico, já nos anos 30. Daí para a frente, o Grupo tem funcionado intermitentemente e por ciclos.
O 1º ciclo, nos anos 30 e 40, foi de grande entusiasmo e criação. Sucediam-se vários espectáculos anuais, entre dramas e comédias, que terminavam com os clássicos “actos de variedades”. Foram “os anos de ouro”, em que pontificaram, Júlio Poeta, Albino Esteves (grande profissional, ponto no Teatro Nacional D. Maria II, e depois no Teatro Maria Vitória), Tenório, Manuel da Silva Nobre, a que se seguiram, os jovens, José Leal, João Pintor, Joaquim Vidal, Bernardino Nobre, mais tarde, Manuel dos Santos Nobre, e muitas dezenas de jovens, raparigas e rapazes de várias gerações (foi a geração da Maria de Jesus Gonçalves Rosa, Félinha Leal, Maria Rosalina, Maria Guilhermina).
Nos anos 50, o 2º ciclo, o Grupo já funcionou com sérias dificuldades. No início, o jovem licenciado, Ramiro Augusto Santos Leal, que com o maestro José Santos Rosa compôs a Marcha de Pernes (criada por Maria de Lourdes Nobre Gomes), fez trabalho de dinamização e encenou a peça “As Duas Causas”, com Maria Manuela Flor, Maria da Visitação Coelho, Bininha Vidal, José Manuel Coelho, Valentim Alberto Martins Gonçalves, e Joaquim dos Santos Varanda. Em 1956, José Gonçalves Leal convidou Carlos Mendes, encenador de Santarém, para dirigir “Os Vizinhos do Rés-do-Chão”, uma tentativa de abanão no cinzentismo da situação. Seguiram-se os desfiles de rua, nos grandes Carnavais de 1957 (Marcha das Cestas e dos Paus) e 1958 (Carnaval dos Reis).
Nos anos 60, coube ao jovem estudante universitário, Vicente Batalha, a direcção do Grupo Cénico, entrando-se assim no 3º ciclo. Em 1962, “Manuela”, em 1963, “Vendaval”, ambas de Virgínia Vitorino, em 1964,“Há Uma Luz que se Apaga” (todos os espectáculos foram apresentados no Teatro Taborda do Círculo Cultural Scalabitano, em Santarém). Ainda, em 1964, Rogério Paulo veio à Música Nova falar de Teatro, e teve na assistência Maria Barroso (Rogério Paulo assistiu em Santarém à representação de “Há Uma Luz Que Se Apaga”). Em 1968, “A Vizinha do Lado”, de André Brun, em parceria com o profissional Wladimir Franklin, actor e artista plástico, onde se confirmou o talento de Isabel Leiria. Na sequência, logo no início dos anos 70, esta dirige “É Urgente o Amor”, de Luís Francisco Rebelo. O Teatro só viria a surgir, depois do 25 de Abril, com “A Traição do Padre Martinho”, numa encenação colectiva, coordenada por Heitor Mendonça.
Depois de um interregno de mais de 25 anos, o Grupo Cénico da Música Nova, de novo sob a direcção de Vicente Batalha, entra no seu 4º ciclo, a partir de 28 de Agosto de 2002. Em Janeiro, apresenta “Mar”, de Miguel Torga, no Teatrinho de Bolso rebaptizado, onde a Câmara Municipal de Santarém trouxe o público das freguesias do concelho para ver o espectáculo. Em 2004, foi a vez de “Pernes, Meu Portugal”, em 2005, “Faz de conta que É Revista!”, em 2006, “Não Há Duas Sem Três, É Revista Outra Vez!”, todos os espectáculos com textos originais e coordenação de Vicente Batalha.
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